segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

terceiro.


Sai do quarto com o foco de encontrar a lanchonete, minha barriga roncava a todo instante. No corredor esbarrei com Sara, ela era uma das dançarinas que se prostitui, apenas uma menininha que não sabia separar sua sensualidade, ela dançava e depois pagavam pra ela participar de orgias,uma vadiazinha. Senti pena dela quando olhei em seus olhos e pude perceber a ausência da felicidade, será que ela ainda sorria?

Sara: Niu, você voltou!
Niu: Pois é, eu vou dançar agora.
Sara: Umm, é mesmo?
Niu: Sim, na verdade vou começar essa noite.
Sara: Que bom, te vejo hoje no palco então.
Niu: Claro.

Parece que vou surpreender alguém hoje, ela seguiu o seu caminho e eu continuei no meu à lanchonete. Não ia comer ali perto, era sujo, andei algumas quadras ate encontrar algo bom, e limpo o bastante. Pedi um salgado e uma bebida, sentei-me nas mesinhas externas e procurei por algum entretenimento nas ruas da Lapa. Meus olhos captavam coisas corriqueiras, senti vontade de pegar meu caderninho preto e escrever uma crônica. Deixando o salgado pela metade e o suco de goiaba para às moscas, procurei pelo caderno.

Niu: Achei você.

Tomei ele em minhas mãos gordurosas e oleosas. Escorregou.

Niu: Merda.

Abaixei-me para pegar, quando levantei meus olhos fixaram-se em uma cena dolorosa pra mim, pude ver um homem muito bem arrumado, elegante, sorridente ele estava de mãos dadas a uma linda mulher, eles sorriam ao ver uma meninia e um garotinho que pareciam ser seus filhos, fazendo milhares de caretas engenhosas... Eu vi uma família. Sentir meu olho esquerdo querer transbordar, eles estavam a caminho da lanchonete. Durante todo o tempo que permaneci naquele lugar eu observava aquela família e a invejava, só de saber que nunca tive uma, verdadeiramente isso era como uma facada em meu peito, olhei o relógio e percebi que havia me perdido no tempo já eram 19:45h, e eu tinha que ir para casa me preparar para a noite que eu brilharia, despedi-me mentalmente deles e fui embora.

O percurso da lanchonete à casa foi tedioso, em todo o tempo minha mente estava organizando tudo, roupa, sapato, acessórios, tudo que usaria naquela noite. Cheguei e me entreguei à água do meu chuveiro, o melhor banho do mundo. Arrumei-me chamei um táxi e fui. Chegando a Roone fui direto para o meu quarto, onde pude arrumar as ultimas coisas, a casa estava cheia, as meninas já tinham começado o showzinho, a gritaria não cessava, escutei batidas na porta e mandei entrar.

Odair: Oi.
Niu: E ai.
Odair: Está pronta?
Niu: Estou pronta a 3 anos.
Odair: Que bom, então venha comigo.
Niu: Vamos.

Era pra ser comum aquele trajeto, afinal não era a minha primeira vez, mas estava sentindo algo diferente em mim, o friozinho na barriga voltou trazendo o nervosismo, nesse instante apelei pra confiança e fui forte.

Niu: eu vou conseguir. Sussurei.

Odair estava atrás de uma cortina vermelha, ela me disse. ‘’ Vai’’ e abriu a cortina.

Com toda coragem do mundo entrei no show, meus passos firmes ate a barra, e me concentrei somente nela, meus ouvidos detectaram muitos gritos e muitos elogios, comecei o meu show, a música era boa não era difícil agradar aqueles homens loucos, estava brincando com aquela barra, para mim era uma diversão. Quando a música parou eu finalmente me concentrei na platéia, me arrependi de ter feito. Só pude sentir meu coração jorrar de tristeza, mas como era possível? Como ele estaria aqui? Porque? Senti ódio, não ia deixar assim,ele merecia um soco, vi os olhares das meninas em minha direção, estavam mandando eu me mexer, mas eu estava em estado de choque, senti um empurrão e finalmente voltei a vida, continuei dançando mas não ia deixar barato, ia procurá-lo após o show.

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